Instabilidade de Emprego

Por: Beth Chiletto

 

No artigo “Visão geral da conjuntura”(1) publicado pelo IPEA – Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, em 30/06/2020, os autores destacam: “A pandemia interrompeu temporariamente o processo de consolidação fiscal pelo qual passava a economia brasileira. Durante o período de crise sanitária e econômica, a prioridade passou a ser, evidentemente, a proteção da vida e da saúde das pessoas, bem como a preservação de empregos, renda e empresas.”

 

De lá para cá o que se tem visto são incertezas, informações e desinformações.  O número de desemprego aumenta em consequência do número de empresas que estão fechando ou sendo obrigadas a reduzir custos devido aos constantes fechamentos de cidades, o que ocasiona a quebra de pequenos e médios negócios, que, de uma forma ou de outra, também não estavam preparados para enfrentar tão longa crise.

 

Com todos esses eventos, a circulação de produtos da cesta básica tende a reduzir devido a diminuição de mão de obra, seja pela restrição de locomoção, seja pelo número de infectados que ficam afastados do trabalho ou até mesmo que falecessem.  Com isso os bens de consumo básico acabam tendo sua produção diminuída, e quando a oferta é menor que a procura, o mercado se ajusta, os preços sobem, a inflação sobe, a famosa “Cesta Básica” fica mais cara, a renda de quem está empregado perde valor e para quem já está sem renda, o problema só piora.

 

O termômetro oficial da inflação no país é medido pelo IPCA – Índice de Preços ao Consumidor Amplo.  Ele monitora a variação dos preços dos produtos de mercado para o consumidor final.  Se o IPCA sobe, significa que a inflação sobe, menor poder aquisitivo.

 

A Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic) de fevereiro 2021, realizada mensalmente pelo CNC – Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo,  constatou que o percentual de famílias endividadas cresceu pelo terceiro mês consecutivo, total de 66,7% em fevereiro/21, contra 66,5% em janeiro/21.  Apesar disto, o percentual de famílias com contas em atraso caiu e reduziu também o número de famílias que declararam que ainda permanecerão com contas em aberto.

 

Baseados nestes números podemos fazer diversas suposições.  Uma delas é, que o brasileiro está começando a se planejar financeiramente, está buscando formas e alternativas para ter uma melhor gestão do dinheiro.

 

Neste sentido, buscando te ajudar a tomar melhores decisões, neste artigo queremos trazer algumas reflexões para tomadas de decisão de quem ainda está trabalhando e corre o risco de ter seu salário reduzido, ser demitido por redução de quadro de empregados, entrar em programas de demissão voluntária (PDV).  Se você já foi demitido recomendamos que leia o artigo “13 dicas de como se organizar financeiramente”  aqui no nosso blog

Se você está com medo ou receio de ser demitido ….

A primeira coisa que você deve entender que se isso acontecer, não se trata de incompetência sua, ou falta de performance no trabalho, mas sim de uma situação em que a economia mundial está à deriva.  Portanto não se culpe.

Agora é hora de começar a fazer o tão famoso planejamento financeiro, é hora de monitorar as receitas e despesas, avaliar o que pode ser reduzido, substituído ou até mesmo cortado, mesmo que temporariamente.  É hora de economizar.  Lembra da história da formiga e a cigarra?  Então é exatamente isso, no final a MORAL DA HISTÓRIA: Trabalhemos para nos livrarmos do suplício da cigarra. Você sabe a condição da economia mundial e brasileira, então dar a desculpa que foi pego desprevenido já não cola mais.  É doído, muitas vezes pode até te dar uma sensação de privação, mas não é isso, você apenas está construindo o seu futuro com alicerces mais firmes, lembra da história dos 3 porquinhos?

 

A grande maioria dos trabalhadores não possuem ganhos indiretos em suas atividades laborais como, plano de saúde, auxílio alimentação, previdência privada, participação nos lucros. Apenas tem que se virar com o que recebe pelo seu trabalho.  Nesses casos a perda do emprego é muito mais fácil de administrar, tendo em vista que ele sabe exatamente quanto recebe no final do mês.

 

Porém é importante ressaltar que para este grupo de trabalhadores, vale algumas recomendações: Se você pega adiantamento (vale) durante o mês, comece a se organizar para receber o dinheiro integral no final do mês, comece a montar sua reserva financeira, se tiver financiamentos e empréstimos, procure verificar se vale a pena uma portabilidade destas dívidas ou a troca de um empréstimo caro por um mais barato, mas cuidado para não ser enganado, e nada de pegar troquinho! Isso vai te deixar mais endividado. Se organize.

 

Mas eu tenho o FGTS: Ele foi criado pelo Governo com o objetivo de garantir ao trabalhador demitido sem justa causa uma verba para ajuda de custos para emergências como saúde e habitação. Você deve utilizar o FGTS de forma inteligente. Evite sair quitando dívidas com este dinheiro. Você sabia que o que quebra uma empresa ou pessoa é a falta de dinheiro em caixa? É a falta de uma reserva?  Faça contas, planeje como será gasto este dinheiro. Lembre-se em caso de uma demissão, você precisa garantir suas necessidades básicas: Moradia, alimentação e saúde

 

Seguro-desemprego:  Dependendo do tempo trabalhado, você pode receber o seguro entre 3 e 5 parcelas.  O trabalhador recebe 3 parcelas do seguro-desemprego se comprovar no mínimo 6 meses trabalhado; 4 parcelas se comprovar no mínimo 12 meses; e 5 parcelas a partir de 24 meses trabalhado.  Este dinheiro vai acabar, vai parar de ser pago.  Mais uma vez vale aqui a importância da gestão orçamentária familiar.  Este dinheiro pode ser menor que o seu salário, então ele é um auxílio.

Para os trabalhadores que além do salário recebem também ganhos indiretos, vale todas as recomendações já faladas acima e outros alertas.

 

Se você recebe vale alimentação: Procure entender como está seu consumo, já que muitas vezes as pessoas utilizam os vales de formas desenfreadas e não computam nem a entrada deste dinheiro, nem a saída dele na planilha de gestão financeira, fazendo com que se tenha uma impressão equivocada do consumo de alimentos e lanches.  Anote tudo.

 

Se você tem plano de saúde: Analise o uso atual de médicos e exames no plano oferecido pela empresa, entenda seu comportamento sobre este assunto: você utiliza os médicos porque tem plano de saúde a disposição ou porque realmente tem problemas crônicos de saúde?  Essa análise poderá fazer toda a diferença na tomada de decisão de fazer ou não um plano de saúde caso você fique desempregado.  Pesquise o que o mercado está oferecendo de oportunidades de planos de saúde, verifique preços, carências e fidelidade. Avalie e decida se é interessante manter um plano de saúde ou pagar consultas particulares quando for necessário.  Existem diversas clínicas populares, com baixo custo de exames e consultas e com excelentes profissionais.  Lembre-se faça isso agora, planeje, para quando vier a “surpresa” você não ser pego desprevenido, lembre

 

Se sua empresa oferecer um Plano de Demissões Voluntária:  A grande maioria das pessoas acham que o dinheiro que vai receber de incentivo vai salvar sua vida, ou seja, quitará suas dívidas, e ainda conseguirá viver feliz para sempre!  Pobre ilusão.. Isso só acontecerá se você fizer um bom planejamento para aproveitar oportunidades boas, não oportunidades que te afundarão pela eternidade.  Além de tudo o que já foi falado aqui. Faça contas, evite tomar decisões de cabeça quente, nos momentos de euforia e desespero.

 

Eu tenho Plano de Previdência Privada: Muitas empresas oferecem a seus funcionários um plano de previdência e é opcional a adesão.  Se você optou por contribuir para uma previdência privada, sabe que sua empresa contribui também. Que ótimo não é mesmo.  Pois é, ai mora o perigo..  Em caso de demissões, muitas vezes o funcionário, despreparado acaba solicitando o saque total de sua previdência e aí fica raivoso quando o IR morde 27,5% do valor. A pessoa conta com um montante e vem um valor muito inferior e ainda tem que pagar Imposto de Renda.  Sabe por que isso acontece? Porque quando você aderiu ao Plano não entendeu as condições daquelas sopas de letrinhas chamadas PGBL e VGBL, tabela regressiva e progressiva.  Isso influencia na tomada da sua decisão quando ocorre uma demissão.  Você precisa saber exatamente o que você contratou, como funciona e se é melhor sacar tudo ou começar a resgatar os valores mensalmente.  Busque informações junto a sua operadora e já tenha em mente quais os melhores caminhos a tomar se ocorrer uma demissão.

 

Meu salário foi reduzido: Se seu salário foi reduzido, provavelmente seu período de trabalho, ou seja, horas trabalhadas, também foi reduzida, a menos que você tenha deixado de receber algum valor referente a periculosidade, em virtude de estar trabalhando em home office.  Avaliando por um olhar positivo foi melhor que ter sido demitido, isso gera novas oportunidades.  A organização e adequação financeira familiar é importantíssima, já tratamos esta questão neste artigo. Agora é hora de você começar a pensar quais são seus talentos, o que você sabe fazer e transformar isso em dinheiro, em renda extra.  Ah, mas eu não sei fazer nada!  Vai estudar, vai se desenvolver, você está com horas disponíveis, então é o momento de começar a se capacitar para novas atividades, aproveite este momento para gerar novas fontes de renda.

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Se você tem dificuldade de fazer ou entender qualquer um desses passos, saiba que podemos te ajudar e orientar em cada um deles, entre em contato conosco.

Leia mais em: (1) https://www.ipea.gov.br/cartadeconjuntura/index.php/tag/previsoes-macroeconomicas/

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